domingo, 19 de setembro de 2010

Música de qualidade para o domingo


Meus amigos,
Após dias sem postar, hoje o faço com grande satisfação; primeiramente, por ter achado este disco que foi perdido tem uns dois anos, o que me deixou muito chateado e, em segundo, por poder mais uma vez ouvir a maravilhosa voz destes ícones da bossa sempre nova: João Gilberto, Os Cariocas, Tom Jobim e o saudoso poetinha, Vinícius de Moraes.
Nesta obra, gravada no Restaurante au bon gourmet no ano de 1962, estes artistas apresentaram ao mundo muitas das músicas que até hoje são referências do movimento, como, por exemplo, Garota de Ipanema, Samba do Avião, O Astronauta e, finalmente, uma das músicas que tenho como das mais belas, que é Samba da Benção.
Ah, Samba da Benção para mim apresenta duas peculiaridades que, a grosso modo, se apresentam antagônicas entre si: riqueza na emoção e simplicidade nas palavras.
Para aqueles que não conhecem a música, esta é a letra:
Cantado
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não
Falado
Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão
Cantado
Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não
Falado
Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba
Cantado
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
Falado
Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus
Cantado
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
Além de ser a letra um grande ensinamento para a vida, ainda faz uma grande homenagem a grandes referências da música, sendo assim uma música perfeita.
Para os que quiserem ter o prazer de ouvir, este é o link: http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/86496/
Mas, voltando ao disco, tinha pensado em postar um endereço deste para download, mas, ao pesquisar tal possibilidade na própria net, encontrei diversas referências à notificações acerca da propriedade intelectual da obra, pelo que deixo de apresentar o link por estas razões; destaque-se que existem sites em que é possível encontrar a obra em apreço.
Um abraço a todos, e uma ótima semana!!

sábado, 11 de setembro de 2010

Das Kapital e a experiência sobre o modelo comunista: breves considerações

Antiga bandeira da DDR ou RDA- República Democrática da Alemanha
Sempre me interessei pelo estudo de economia política, especialmente no que concerne àqueles exemplos que apresentam oposições claras em suas bases, como as disparidades havidas entre o gigante capitalismo e o quase desaparecido comunismo, devendo-se destacar a maior atenção ao estudo do caso das antigas RDA - República Democrática da Alemanha, área de influência da antiga União Soviética e da RFA - República Federal da Alemanha, esta orientada pelos princípios do capitalismo seguidos pela França, Inglaterra e Estados Unidos, experiência ocorrida em país com condições econômicas e culturas semelhantes, o que permite, em meu entendimento, proceder com análise mais segura de fatos e entendimento dos resultados de cada um deles.
À princípio, acredito que vocês estranhem o momento em que abordo o tema, o que tinha vontade de fazer tem tempo, mas surgiu a oportunidade neste dia 11, pois num dia deste em 1867, Karl Marx e Frederich Engels apresentaram ao mundo a maior das obras comunistas da história: Das Kapital ou O Capital, de leitura obrigatória a todos os que habitavam os países que seguiam a orientação socialista.
Concomitantemente a isto, ouço hoje pela rádio Havana de Cuba (http://www.radiohc.cu/) discurso de Fidel Castro, onde desmentia a afirmação que teria dito em entrevista recente, de que o comunismo não funcionava mais em seu país, elementos que provocaram a realização destas considerações que passo a fazer adiante.
Em algum momento de minha adolescência, pensei que o modelo comunista podia ser a solução para a desigualdade social no mundo, mas, com o tempo passei a depurar a idéia e firmei o entendimento de que, em que pese se apresentar como sistema que se aproxima mais do ideal de distribuição de riquezas, tenho que este só teria sucesso se o homem não tivesse conhecido o modus vivendis que se mostra no capitalismo, que nos faz viver numa eterna competição egoística para possuir mais bens e valores, e, por conseguinte ter uma vida mais confortável.
Indubitavelmente é o socialismo útopico, senão ainda falariamos em URSS e RDA, que estariam ainda vivas entre nós; os que se mantiveram neste caminho, seja por interesses pessoais para perpetuar-se no poder e usufruir de suas benesses e possibilidades ou, como em países mais pobres e sem produtos relevantes para aqueles mais ricos, convivem com situações de pobreza absoluta na maioria de seus estados, departamentos ou províncias.
Voltemos ao caso das duas Alemanhas que, divididas, recomeçaram suas vidas em igual situação, pois se encontravam dilaceradas com as ações militares da segunda guerra, contudo seguindo diretrizes econômicas totalmente opostas.
De um lado, estava a Alemanha Ocidental (RFA), que se desenvolveu à passos largos e adquiriu significativo crescimento econômico sustentado, mesmo num regime predatório e selvagem como é o capitalista.
À sua vez, a Alemanha Oriental, com todo apoio, inclusive econômico, perdeu-se no tempo mais rapidamente, por ter tomado medidas equivocadas como a construção do famigerado Muro de Berlim, o que entendo ter incutido na população maior antipatia pelo regime posto.
O que é fato é que, diferentemente do que Erich Honecker, um dos mais duradouros presidentes daquele país pensava, o muro não resistiu pelos 100 anos de sua profecia, caindo junto com a matriz soviética.
Ainda lembro, como se fosse agora, quando o muro começou a cair...
Passados quase 2o anos do fato, a fração pertencente a antiga RDA ainda se recente deste atraso cruel decorrente das lentas e equivocadas medidas do governo, fazendo-me acreditar que nem mesmo os pioneiros seguidores do Kapital sabiam como iriam implementar e fazer seguir o que rezava a obra, bem como não fiscalizaram e puniram severamente aqueles verdadeiros inimigos do estado: os integrantes do poder que se aproveitaram das vantagens que este pode oferecer, o que seguramente colaborou com a descrença da população de ter a eqüidade como regra maior vigente entre todos, independendo da posição social que ocupavam, afinal, no regime socialista, tudo pertence ao povo, estes iguais em todas as circunstâncias.
Dizer que os ideais socialistas sucumbiram ao fracasso dos regimes é uma afirmação um tanto quanto equivocada, pois, encontramos nas economias capitalistas, como a nossa, instrumentos que buscam reduzir as desigualdades sociais, a partir do método de redistribuição de renda (p.ex. bolsa-família) e de programas sociais outros, como o Fundo de Habitação de Interesse Social, que se baseia na relocação de famílias que não possuem casa ou que moram em casas de taipa para casas de alvenaria.
Destaque-se que tais medidas pertencem aos dois últimos governos, pois um criou e o outro ampliou e o manteve, para que não se tenha na assertiva qualquer cunho eleitoral.
Ser socialista, hoje, não é seguir a risca os ditames do livro vermelho, mas fazer com que o dinheiro do capitalismo também possa chegar àqueles que não estão inseridos e que restam prejudicados pelos passos agigantados do sistema.
Fazer socialismo, é fazer justiça social, mesmo que não estejamos num regime caracteristicamente comunista.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O verde e a cidade, e outras palavras...

Meus amigos,

Depois de dias atribulados, parece-me que um prenúncio de mar de almirante vem se fazendo aparecer para estes próximos dias... Tanto é que estou podendo me dar ao luxo de escrever uma meia dúzia de palavras para vocês.
Hoje, tratarei de um assunto que sempre me preocupou bastante: o pensar a cidade em que estamos para que possamos vislumbrar idéias que melhorem nossa qualidade de vida.
Por coincidência do destino, o tema cruzou-se com o as letras neste ano, mas, de fruto, apenas este texto, mas por enquanto. Ainda hoje vi o rascunho de "lá vai o Rio Una", artigo que iniciei que versava sobre as enchentes nos municípios da zona da mata e a omissão do estado em cumprir seu papel de regulador da utilização dos espaços públicos, uma vez que o Estatuto da Cidade, os Planos Diretores, Leis de Uso e Ocupação do Solo se encontram a disposição da administração pública para as intervenções devidas e a correção destes problemas.
Eis que o tema reaparece numa reunião na ACL - Academia Camarajibense de Letras, através da exposição de uma formanda da respeitável Universidade Federal de Pernambuco, que nos apresentou um projeto para a construção de um parque na Vila da Fábrica, parque industrial que se encontra sem utilização nesta ocasião, com o risco da área ser vendida a iniciativa privada para a construção de conjuntos habitacionais.
De logo, encampei a idéia, pois é fato notório que o município de Camaragibe é extremamente carente de espaços públicos como o proposto, devendo-se destacar que no projeto, há referência à construção de teatro municipal, o que não encontramos na cidade, em que pese todo o verde que encontramos nos bairros, principalmente no rincão de Aldeia e adjacências, local em que quero fixar residência no futuro, pois apresenta, ainda, uma extraordinária qualidade de vida. diferentemente da capital, que a cada dia mais perde o seu verde com as construções dos espigões de concreto em todos os bairros.
Proposta por mim a moção de apoio, esta foi aceita, por unânimidade por meus pares, ficando sob minha responsabilidade de redigir tal texto, cujo teor me reservo ao direito de apresentar após a votação acerca de seu conteúdo.
Espero ter sucesso nesta nova tarefa!
Hoje, estou saíndo de licença mos proximos dias, voltando na próxima terça.
Bom feriado!