quarta-feira, 28 de julho de 2010

Vladmir Maiakoviski - tu e comumente é assim

Meus amigos,

Tive a oportunidade de reler, nesta semana, um dos meus velhos livros de poesia; este, de autoria do poeta russo Vladmir Maiakoviski. Maiakovisk foi um "poeta de resistência" conta o regime leninista que inicialmente apoiou, mas que desiludiu-se com seus rumos, o que teria lhe levado a desistir da vida em 1936 (apesar de algumas referências informarem que este teria sido eliminado pelo regime).
A essência política é característica marcante de sua obra, mas também escrevera sobre o velho tema, textos pouco difundidos, mas de uma beleza singular por sua construção e que certamente serão do agrado de todos.
Um ótimo dia!
TU
Entraste.
A sério, olhaste
a estatura,
o bramido
e simplesmente adivinhaste:
uma criança.
Tomaste,
arrancaste-me o coração
e simplesmente foste com ele jogar
como uma menina com sua bola.
E todas,
como se vissem um milagre,
senhoras e senhorias exclamaram:
- A esse amá-lo?
Se se atira em cima,
derruba a gente!
Ela, com certeza, é domadora!
Por certo, saiu duma jaula!
E eu júbilo esqueci o julgo.
Louco de alegria
saltava
como em casamento de índio,
tão leve, tão bem me sentia.
COMUMENTE É ASSIM
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso, nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém imbecilmente inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Poesia minha - A tua ausência

Bom dia!

Caros amigos,

Hoje quero apresentar-lhes poema de minha autoria, que inspirou-se nas histórias dos personagens românticos criados pelos escritores que sempre leio, mas que também, em certos momentos de nossa vida, se confundem com nossa história, o que talvez não se aplique, de todo, ao enredo deste que vos escreve; em que pese achar-me que não.

O soneto livre em tela, é uma resposta ao próprio personagem que "espanca" o coração e todos os sentimentos guardados, tentando minimizar assim o desprezo que o destino o fez sofrer: a ausência da amada, tendo que aceitar sua posição, sem nada poder fazer.

Sem mais, um abraço e uma semana bastante feliz e produtiva.

"A tua ausência


Quando te encontrei, pensei que eterna serias,

que vinhas para acabar com esta minha solidão.

Como se fosses o sol mais lindo de todos os dias,

mas, na verdade, não passastes de doce ilusão.


Confesso que, tuas palavras, sorriso e paz,

Fizeram-me ver, outra vez, alegria na vida.

Mas, como não era de ser, meu coração jaz,

Seguindo assim no caminho, desde sua ida.


Dizer que te esqueci? Se inesquecível és!

Resta me enganar o coração, dia-a-dia,

Para fazer-lhe descrente de todas às fés.

Mas a tua ausência, meu bem querer,

fez saber que sempre o velho coração,

Tornará da escuridão e voltará a viver...

Como sempre o fez... "

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Manuel Bandeira - Mascarada e Maysa


Caros amigos,

Continuo com a vida bastante atribulada, por isso, para homenagear sua leitura neste blog, continuo a postar textos de grandes autores. Nesta ocasião, posto dois poemas de Manuel Bandeira, escritor pernambucano que dispensa qualquer comentário acerca de sua obra. O primeiro, é "mascarada", onde encontramos uma bela construção de texto; o segundo, "Maysa", onde faz uma referência a cantora Maysa, cuja história foi narrada recentemente pela televisão.

Um Abraço

MASCARADA

Você me conhece?


(Frase dos mascarados de antigamente)



- Você me conhece?


- Não conheço não.


- Ah como fui bela!


Tive grandes olhos,


Que a paixão dos homens


(Estranha paixão!)


Fazia maiores,


Fazia infinitos...


Diz: não me conheces?


- Não conheço não.

- Se eu falava, um mundo


Irreal se abria


À tua visão!


Tu não me escutavas:


Perdido ficavas


Na noite sem fundo


Do que eu te dizia...


Era a minha fala


Canto e persuasão...


Pois não me conheces?


- Não conheço não.



- Choraste em meus braços...


- Não me lembro não.





- Por mim quantas vezes


O sono perdeste


E ciúmes atrozes


Te despedaçaram!


Por mim quantas vezes


Quase tu mataste,


Quase te mataste,


Quase te mataram!


Agora me fitas


E não me conheces?...


- Não conheço não.


Conheço é que a vida


É sonho, ilusão.


Conheço é que a vida,


A vida é traição.





Para ouvir: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=7373





MAYSA





Um dia pensei um poema para Maysa


“Maysa não é isso


Maysa não é aquilo


Como é então que Maysa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza?



Muito simplesmente


Maysa não é isso mas Maysa tem aquilo


Maysa não é aquilo mas Maysa tem isto


Os olhos de Maysa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos
A boca de Maysa é isto isso e aquilo


Quem fala mais em Maysa a boca ou os olhos?


Os olhos e a boca de Maysa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maysa se condói se contrai se contorce como a ostra viva em que se pingou uma gota de limão


A boca de Maysa escanteia e os olhos de Maysa ficam sérios


Meu Deus como os olhos de Maysa podem ser sérios e como a boca de Maysa pode ser amarga!

Boca da noite (mas de repente alvorece num sorriso infantil e nefano)”
Cacei imagens delirantes


Maysa podia não gostar


Cassei o poema.
Maysa reapareceu depois de longa ausência


Maysa emagreceu


Está melhor assim?
Nem melhor nem pior


Maysa não é um corpo


Maysa são dois olhos e uma boca


Essa é a Maysa da televisão


A Maysa que canta


A outra eu não conheço não


Não conheço de todo


Mas mando um beijo para ela.





Para ouvir: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=7372

domingo, 18 de julho de 2010

O leitor - Maximiano Campos


Meus amigos,

Neste últimos dias, o trabalho tem sorvido toda a possibilidade de criar da mente, razão pela qual não tenho postado textos meus para vocês. Por ainda encontrar-me nesta fase, apresento-os, um dos textos que tenho como de uns mais belos e perfeitos retratos de um personagem, mais uma vez, de autoria do meu patrono na ACL, Maximiano Campos.
Um abraço!

É o texto:


O Leitor


Queria que alguém lesse o conto que escrevi. Não encontrei nenhuma pessoa disposta a lê-lo, nem a ouvi-lo lido por mim. E, naquelas poucas páginas, não havia apenas um conto, somente uma história. Havia um grito de dor transformado numa canção, que só chegava a ser um pedido de socorro porque ainda restava, apesar de tudo, um certo orgulho velando a minha desbarata coragem.
Naquela manhã, com as páginas colocadas no bolso do paletó poído e desbotado, saí à procura de um leitor. Eu buscava alguma alegria e, por isso, não perdera a delicadeza de sentir as sentenças do tribunal dos meus remorsos. Ainda me considerava capaz e merecedor de sentir o mínimo de alegria compatível com o meu desejo de não ser um mero cultivador de amarguras. Eu era pobre, muito pobre, de bens materiais. No jogo da vida, na mesa do mundo, sem enxergar e distinguir bem os adversários, eu colocara todas as fichas no poder do sonho, já que não sou muito afinado com a realidade. Os adversários estavam me vencendo com demasiada facilidade; isso era por demais evidente na minha solidão.
Ao sair à rua, após deixar o meu pobre quarto, onde havia apenas uma velha cama e alguns livros, notei que a janela que se abria para a rua era pintada de um azul esmaiecido pelo tempo, pelo sol, pela chuva. Naquela cidade, eu havia nascido. Nos escombros da sua história, havia sangue e suor dos meus antepassados. Naquela cidade, capital de muitos contrastes, palco imenso para a tragédia, o drama, a comédia ou a farsa da minha vida, eu não encontrava nenhum espectador disposto a me incentivar com qualquer tipo de aplauso.
Eu tenho um emprego muito modesto, que mal dá para pagar o aluguel do quarto e não morrer de fome. Mas da pobreza não me queixo. Ela é a realidade que não considero essencial para conservar a minha vontade de viver. Tenho quarenta anos e escrevi quarenta histórias. Quarenta anos, quarenta histórias escritas, e mais de quatrocentos sonhos para colocar no papel e resgatar minhas dívidas comigo mesmo e com o mundo, este enorme asilo de realidades e sonhos, belezas e feiúras, desesperadas alegrias e tristezas, onde se debatem os homens à procura de um sentido que os justifique na vida e na morte.
Para quem iria ler o meu conto? Para o mendigo, a prostituta, a criança abandonada, o operário, o boêmio, o escritor conhecido, o ricaço, a mulher amada?
Ah! Sim, eu amava desesperadamente uma mulher. Certo dia, ela me declarou que já não me amava, pediu-me que desaparecesse da sua vida. Para dizer a verdade, eu ainda amo esta mulher. Ela era extraordinariamente bela, jovem, alegre, fútil, arredia às minhas tristezas e à capacidade de enxergar a minha caravana de sonhos. Essa mulher, por quem tenho grande respeito e indiscutível amor, foi minha amante durante três anos. Nessa época, eu tinha pouco mais de vinte anos. Faz muito tempo, portanto, que já não a tenho ao meu lado. Resolvi procurá-la. Iria relembrar a ela as noites de desesperado amor. Iria tentar rever aquele corpo, um poço de onde retirei tanto gozo e beleza, para não falar em alguns instantes de verdadeiro êxtase.
“Maria, estou indo a sua casa. Maria, desta vez você vai me ouvir, tem que me salvar desta intolerável solidão. Maria, você vai ouvir, ou ler, o que escrevi pensando em você. Diga o que disser, não terei fracassado se você consentir em ouvir ou ler as três páginas que escrevi para você. Maria, você escute, ouça esta história.”
Saí falando alto, cada vez mais alto, para o espanto de alguns passantes: “Sou um domador de sonhos. Sou o guardião de uma loucura mansa, um profeta sem seguidores. Sou um revoltado contra as ditaduras que cultivam a tortura e que afogam todas as liberdades nas águas sujas de todas as moedas do mundo. Sou livre porque não temo arriscar a vida. Sou o palhaço que zomba das próprias desventuras. Sou herói de todas as guerras e há muito que me sinto incapacitado para a paz que não conquistei. Sou um contemporâneo de todos vocês, um contemporâneo de um tempo difícil que serve de pasto para servidões que só serão vencidas com o poder do sonho, lutando, gritando alto que a liberdade que temos em nós é maior do que qualquer aparato de força das tiranias. Sou um rebelado.”
“Vem, Maria, ouvir a minha história, para que eu vença o desespero e volte a ser, pelo menos por alguns momentos, compatível com minha existência de irredutível sonhador, de talvez impossíveis caminhos e esperanças.”
Ela não veio, nem a encontrei. O conto continua guardado, ninguém o leu, ninguém o ouviu.
Agora, talvez, apenas me reste deixar de escrever, mas lerei, atentamente, tudo o que escrevi, tornando-me o leitor que sempre me faltou.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fotografias do Hoje - Clair de Lune





Caros leitores,
Hoje não haverá longo texto, nem temas sérios! Ou melhor, quem disse que falar da lua não é um tema importante? Logo ela que inspirou e inspira os artistas da palavra desde sempre! Brincadeiras à parte, tomo emprestado o título de uma das belas obras musicais da história para homenagear este símbolo de inspiração; "Clair de lune" é uma das mais belas composições do francês Claude Debussy, que deverá ser ouvido neste link: http://www.youtube.com/watch?v=-LXl4y6D-QI , em concomitância a observação das fotos ora postadas, todas de minha autoria
Um abraço


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Relembrando de Pessoa - Liberdade e tabacaria

*direitos autorais reservados ao autor da imagem, desconhecido até esta data.


Caros leitores,

Hoje acordei lembrando-me de Fernando Pessoa! Em homenagem à esta lembrança, faço referência à dois de seus poemas que me agradam bastante: o primeiro, é o filho mais novo, que apresenta uma vontade minha nesta fase da vida, por ser um escravo do trabalho; o segundo, é o primogênito, que me impressionou pela sua profundidade existêncial, qualidade que o fez "morar" na cabeceira da cama.

Não quero mais disputar o espaço com palavras que os fazem disperdiçar o tempo em que poderiam se deleitar com tão belas palavras.

Por isso, até breve e um ótimo dia!


LIBERDADE


Ai que prazer não cumprir um dever.

Ter um livro para ler e não o fazer!

Ler é maçada,estudar é nada.

O sol doira sem literatura.

O rio corre bem ou mal,sem edição original.

E a brisa, essa, de tão naturalmente matinalcomo tem tempo, não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.

Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol que peca

Só quando, em vez de criar, seca.


E mais do que istoÉ Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças,

Nem consta que tivesse biblioteca...

________________________________________________________


Tabacaria (fragmentos)


Não sou nada.Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,

Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),

Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.

Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

E não tivesse mais irmandade com as coisas

Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua

A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada

De dentro da minha cabeça,

E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.

Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,

E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

A aprendizagem que me deram,

Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Fui até ao campo com grandes propósitos.

Mas lá encontrei só ervas e árvores,

E quando havia gente era igual à outra.

Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!

E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

Gênio? Neste momento

Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,

E a história não marcará, quem sabe?, nem um,

Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

Não, não creio em mim.

Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!

Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

Não, nem em mim...

Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo

Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?

Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -

Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,

E quem sabe se realizáveis,

Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

O mundo é para quem nasce para o conquistar

E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.

Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.

Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,

Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.

Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,

Ainda que não more nela;

Serei sempre o que não nasceu para isso;

Serei sempre só o que tinha qualidades;

Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,

E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,

E ouviu a voz de Deus num poço tapado.

Crer em mim? Não, nem em nada.

Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente

O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,

E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.

Escravos cardíacos das estrelas,

Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;

Mas acordamos e ele é opaco,Levantamo-nos e ele é alheio,

Saímos de casa e ele é a terra inteira,

Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;

Come chocolates!

Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

Come, pequena suja, come!

Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,

Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei

A caligrafia rápida destes versos,

Pórtico partido para o Impossível.

Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,

Nobre ao menos no gesto largo com que atiro

A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,

E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,

Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,

Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,

Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,

Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,

Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,

Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -

Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!

Meu coração é um balde despejado.

Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco

A mim mesmo e não encontro nada.

Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.

Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,

Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,

Vejo os cães que também existem,

E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,

E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,

E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,

E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses

(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);

Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo

E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube

E o que podia fazer de mim não o fiz.

O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido.

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência

Por ser inofensivo

E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,

Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,

E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,

Calcando aos pés a consciência de estar existindo,

Como um tapete em que um bêbado tropeça

Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Essência musical dos meus versos inúteis,

Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,

E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,

Calcando aos pés a consciência de estar existindo,

Como um tapete em que um bêbado tropeça

Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Cartas ao mundo - Money for nothing

"O grito" - também de Munch


Hoje me deu vontade de falar de economia misturado com rock and roll, pois o peso do assunto é igual a batida do rítimo; mas, para não atrapalhar estas divagações monetárias, escolhi a musica "Money", de autoria de controvertida figura, Mr. Roger Waters, letrista maior do Pink Floyd, uma das minhas bandas de rock preferida. A escolha não foi por qualquer razão, mas, principalmente, por ser uma música legitimamente inglesa, pais que integra a "zona euro".

Alusões a parte a outra banda, Dire Straits, que nos embalou por diversas vezes nas discotecas juvenis com o clássico "Money for nothing", cuja letra em nada tem haver com o texto que inicio, salvo pela sábia expressão de que dinheiro não vale nada!

Antes de adentrar ao mérito, quero fazer referência ao fim do século passado (como parece longe); em especial, as grandes crises econômicas que todos os países sofreram desde 1998, período em que passei a observar com maior atenção aos jornais especializados, escritos ou televisados, como Valor Econômico, (finada) Gazeta Mercantil e Conta-corrente (net), através de onde escutei, por inúmeras vezes termos como déficit, corrida aos bancos, liquidação e, principalmente, risco sistêmico (nunca consegui entender o que era, sei que era para prejudicar o sistema financeiro).

Nestes dois anos, as grandes notícias versam sobre a fraude milionária no sistema bancário americano, o desemprego, desvalorização de moedas e combate ao déficit público... Como se constata, são notícias requentadas desde sempre, oriundas de sistemas de controle econômico efetivos e rigorosos, inclusive no âmbito criminal, posição defendida por mim na monografia acadêmica que tratava do projeto de lei n° 4.376/93, que reformou a lei de falências, onde me posicionei com firmeza em relação ao extremo rigor que se deveria ter em relação ao devedor fraudulento.

Adam Smith deve estar se remexendo em seu túmulo, pois a sua teoria de auto-regulação dos mercados tem grandes falhas, só sendo possível considera-la se todos os integrantes do mercado fossem pessoas sem qualquer interesse de lucro selvagem.

Da mesma forma, Roberto Campos também deve estar assim! Os mercados devem ter liberdade vigiada!

O que é fato, é que os países de Comunidade Européia estão baixando pacotes com medidas, muitas impopulares, para melhorarem suas contas, o que deverá, a princípio, implicar na alteração desses programas de salvamento, como foi o PROER, que, no interesse de evitar o risco sistemico no sistema financeiro nacional e considerado modelo entre os economistas, pelo que temos que não haverá a mão do estado para salvar mais os gestores ineficientes ou fraudulentos.

Ai, fica-se a pergunta: por que estes países não endureceram antes? Precisava esperar tanto? A cruel realidade hoje é a de desemprego assustador e estados à beira da bancarrota.

É assim mesmo, política é política em todo canto; por isso, acho desnecessário mais comentários sobre estas razões.

Agora, todos viram que é necessário deter as rédeas do mercado, medida contrária o pensamento do "lassez faire", mesmo que o controle estatal seja realizado de forma secundária, através das famosas agências (cuja finalidade é discutível) , bem como através de penalidades rigorosas aos operadores descompromissada de muitos operadores, fato este que nos Eua implicou na criação da "SOX" - Lei Sarbannes-Oxley e na prisão de Bernard Maddof e que não evitou a crise do "sub-prime", hipotecas de risco, cuja dolorosa lição ainda é aprendida pelos americanos.

Em nosso país, em que pese sermos referência na gestão dos mercados, ainda falta muita coisa, principalmente no que tange a regulação e penalização dos operadores, e, ainda, não há interesse da administração em agir, à curto prazo, com medidas neste sentido.

Aliado nefastamente a isso, ainda temos uma política de estado que precisa rever seus gastos, para evitar um tsunami financeiro nas contas públicas, mantendo assim a nova posição do FMI, de quem hoje somos credores e que suas medidas amargas não sejam mais implementadas aqui novamente.
Acho que apenas está faltando um dispositivo que permita ao estado tomar o controle destas empresas cuja saúde financeira não seja boa, antes de sua quebra, conforme entendimento do princípio constitucional da função social da propriedade, para que todos nós tenhamos que pagar a conta, e os especuladores possam viver felizes para sempre com os recursos do tesouro.
Talvez as gerações mais novas não conheçam o que seja "overnight", dólar a R$ 4,00, "gatilho", e por isso, não estejam muito preocupados com isso! Fica a provocação!
Viva o consumo responsável, poupança e os mercados regulados!
Depois de provocados, fiquem com este grande sucesso do rock mundial, que integra o disco mais vendido na inglaterra desde seu lançamento, o famosíssimo "the dark side of the moon", ao som do Pink Floyd, para que todos possam refletir sobre a matéria

Money - Roger Waters

Money, get away.
Get a good job with more pay and you're okay.
Money, it's a gas.
Grab that cash with both hands and make a stash.
New car, caviar, four star daydream,
Think I'll buy me a football team.
Money, get back.
I'm all right Jack keep your hands off of my stack.
Money, it's a hit.
Don't give me that do goody good bullshit.
I'm in the high-fidelity first class travelling set
And I think I need a Lear jet.
Money, it's a crime.
Share it fairly but don't take a slice of my pie.
Money, so they say
Is the root of all evil today.
But if you ask for a raise it's no surprise that they're
giving none away.
"HuHuh! I was in the right!"
"Yes, absolutely in the right!"
"I certainly was in the right!"
"You was definitely in the right. That geezer was cruising for abruising!"
"Yeah!"
"Why does anyone do anything?"
"I don't know, I was really drunk at the time!"
"I was just telling him, he couldn't get into number 2. He was asking
why he wasn't coming up on freely, after I was yelling and
screaming and telling him why he wasn't coming up on freely.
It came as a heavy blow, but we sorted the matter out"

segunda-feira, 5 de julho de 2010

As feras mortas - Maximiano Campos




Atendendo a pedidos, publico, nesta ocasião, o conto "as feras mortas" de autoria do escritor pernambucano Maximiano Campos, um dos mais expressivos integrantes da "geração de 65, meu "patrono" na cadeira de n° 20 da Academia Camarajibense de Letras.


É o texto:


As feras mortas


Você pode dizer que é mentira minha. Quem sabe? A verdade é que estou sendo perseguido. As notícias dos jornais falam de misérias. Alguns amigos se afastaram, arrebentaram-se algumas esperanças. No rastro dos meus fracassos, chegou a angústia endemoniada. Mas, o pior é o tempo que me persegue. O tempo anda me perseguindo. O tempo do relógio, o que me escraviza na repartição, e o outro: o tempo comum a todos nós, espectadores dos grandes desassossegos da ambição universal que, às vezes, assume a forma de massacres, guerras, explosão de ódios, como espasmos epiléticos da humanidade. O tempo é um calhorda, tanto serve a Deus quanto ao Diabo. Você está rindo, mas eu lhe digo: o tempo é um assassino perigoso. Mata a mocidade, desejos, amizades, depois, na velhice, dá o golpe final no que resta de nós. Meu amigo, a realidade nem sempre é a verdade. Além do mais, cada qual tem a sua. Sabe de uma coisa? A realidade também anda me perseguindo. Agora é que você vai rir mesmo, mas vou lhe dizer: eu sou o que sonho. Eaqui, nesta sala, o meu sonho anda solto, fera liberta, desembestada em descampos sem cerca nem dono. A realidade quer arrebentar comigo. Mas eu vou me proteger com o sonho. Esse vai ser o meu castelo, nele vou colocar o mundo verdadeiro, o descompromissado com as etiquetas, os horários, as convivências interesseiras. É assim mesmo: a realidade quis me fazer medo. O tempo quis e quer acabar comigo. Sei que há dois grandes circos armados por Deus: o da vida e o da morte. O danado, mesmo, é o preço que se paga para tomar parte no espetáculo. Os que têm fé afirmam que o circo da morte é limpo asseado. Mas ninguém, ainda, conseguiu sair dele e voltar para contar aos que estão no circo da vida como é o espetáculo. Pode até ser o silêncio. Não sei porque, mas acho que o tempo é um palhaço maldoso e meio sem graça. E a realidade é uma velha atriz cansada, com uma maquilagem agressiva e a mania de dar más notícias. E a nossa atuação nisso tudo? Nisso tudo não, no circo da vida. Obrigam a gente a entrar na jaula do leão, dar saltos mortais, aplaudir o palhaço, ser o palhaço, e tudo isso sem repouso, mudando sempre de lugares. Pois bem, não saio mais desta sala . Sei que o tempo não é um cão que a gente enxote com facilidade, nem a realidade apenas uma percepção, espécie de fotografia da obra de Deus. Fechei os olhos para toda essa farsa. Sonho. Pra mim, sonhar é que é viver. Olhe: esta casa tem duas salas: numa coloquei o passado, noutra, o futuro. O presente não me interessa muito. Além do mais, o presente é feito água de rio, quando a gente vê já passou. E nunca se pode distinguir a que passou da que está passando e da que vai passar; o importante é o rio. Naquela sala, ali em frente, há dois retratos: um de Napoleão e outro de César. Todos os dias eu indago a eles: "Onde está agora o poder de vocês"?
- E o que é que eles lhe respondem?
- Você está querendo fazer deboche. Não o chamei aqui. Eles não respondem nada. Claro que não poderiam responder, a realidade não deixa que eles respondam.
- O que é que a realidade tem a ver com isso?
Tem a ver que a realidade não vale grande coisa. Olhe, você não devia estar aqui conversando comigo. Você só acredita... Bem, mas não quero julgá-lo. A realidade é o que estou conversando com você, os móveis que você está vendo ao meu redor, a hora que o seu relógio está marcando, as minhas feições, o timbre da minha voz. Mas o meu sonho você desconhece. Bem, deixemos isso pra lá. Napoleão e César estão perdidos, um apunhalado, e o outro dizem que foi envenenado.
- Você está um bocado confuso. Não estou entendendo direito o que está querendo dizer.
- Ah, você está dizendo que me acha confuso. Não foi isso o que quis dizer? Como? Não compreende o que estou falando? Mas não me preocupo com essa sua opinião. O que mais exige compreensão é a realidade, e esta também me persegue, essa miserável. O meu sonho? Olhe, para pessoas feito você, que vivem a fazer perguntas e indagações, os sonhos são feras mortas. As explicações, às vezes, matam. Mas você não vai matar os meus sonhos. As minhas feras estão vivas e libertas, correndo nos descampos ensolarados da imaginação. Sei que, um dia, os meus sonhos serão feras mortas. Mas eu carregarei comigo estas feras até que o tempo coloque cercas nos descampos e apague todas as lembranças. Um homem vale o que valem as suas feras.
Não me faça mais perguntas, você está atrapalhando tudo.
- Mas, você mesmo, no início da conversa, se queixou de que estava perdendo alguns amigos. Pensei que você estava precisando de apoio.
- Olhe aí, você querendo botar lógica nas minhas palavras. Você não tem nada a ver com o que eu digo ou deixo de dizer.
- É, acho que vou embora. Lamento muito ter encontrado você neste estado.
Foi embora. O sujeito que estava conversando comigo foi embora. Mas eu ainda estou falando. Continuo a falar. Que importa que não estejam me escutando? Agora mesmo vou colocar outra pessoa para me ouvir. Pronto, outra pessoa já está aqui na sala. Vou botar essa outra pessoa para conversar com Napoleão e César e ficar ouvindo a conversadeles. A pessoa está dizendo que não precisa conversar diante dos retratos. Tem razão. Os dois guerreiros já estão aqui, na sala, e começaram a conversar com o visitante. Já estão discutindo há duas horas. Vou entrar na conversa: daqui a pouco, eles se atracam. A conversa está ficando desagradável porque a ambição deles já está aparecendo. E, vou acabar com essa conversa. A ambição é danada de parecida com a realidade e a realidade é minha inimiga. O meu sonho agora está liberto e o meu silêncio me apazigua. O meu silêncio, essa fera de estimação. Mas por favor, não zombem. Volto a apelar: acabem com esses risos! Continuam rindo? Pois bem, os retratos estão nos seus lugares, ninguém conversou nada. É isso que querem que eu diga? E o meu silêncio? Ah, está solto no sonho, nesse descampo ensolarado, nessa imensidão das impossibilidades conquistadas porque imaginadas. A conversa pára aqui. Mas, na verdade, ela continua, e as feras viram rebanhos, o tempo acovardado vai fugir. O tempo é um covarde, foge sempre, arrastando a mocidade. Estou sonhando, por isso me calo. Os pensamentos partem na imaginação rumo ao outro circo. Vou entrar lá, vou entrar naquele circo, no outro, onde os espetáculos não devem ter tristes intervalos. O intervalo, o último, é agora, pronto, já estou prestes a ultrapassá-lo. Depois, talvez meus amigos entendam que não quis ofendê-los, é que o outro circo estava abrindo para mim as suas portas. E a morte é a única certeza que pode trazer alguma novidade.
in Diário de Pernambuco, 20/09/98

Maximiano Campos nasceu no Recife, em 1940, e morreu no mês passado. Começou a escrever muito cedo, no Colégio São João, onde fez os estudos secundários. No final da década de 60, publicou o seu primeiro romance, Sem Lei Nem Rei, transposto para a música por Capiba, com um longo prefácio de Ariano Suassuna, que analisava as qualidades de sua obra e o desenvolvimento da literatura nordestina.
Na década de 70, publicou o livro As Emboscadas da Sorte, onde se encontra o conto Na Estrada, um dos seus melhores trabalhos literários e dos momentos mais altos da literatura brasileira. Em 75, a Editora Artenova, do Rio de Janeiro, publicou a novela Major Façanha, que se transformou, imediatamente, num sucesso de crítica e de público. A Memória Revoltada foi publicada no início dos anos 80, pelas Edições Pirata, em co-edição com a Civilização Brasileira.
Entre os seus escritores estrangeiros preferidos estão Hemingway, Nikos Kazantizakis e Tolstoi; e entre os brasileiros, Ariano Suassuna, José Lins do Rego eGilberto Freyre. Escreveu um longo ensaio para o posfácio do livro A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, saudando as qualidades do autor de O Auto da Compadecida. Tem contos publicados em várias revistas e antologias brasileiras, além de livros para-didáticos. Entre as editoras nacionais que publicaram os seus trabalhos ficcionais estão a Brasiliense, a O Cruzeiro, a Artenova e Atual, todas do eixo Rio-São Paulo. Costumava escrever todos os dias. Publicou duas antologias e deixou muitos contos inéditos.

sábado, 3 de julho de 2010

Ensaios do Exílio Interior - Do tempo, dos sonhos e outras coisas...

"A dança da vida" - Edward Munch

"(...) E a nossa atuação nisso tudo? Nisso tudo não, no circo da vida. Obrigam a gente a entrar na jaula do leão, dar saltos mortais, aplaudir o palhaço, ser o palhaço, e tudo isso sem repouso, mudando sempre de lugares(...) Maximiano Campos, in "as feras mortas".
De início, quero dividir com vocês, meus caros amigos, obras de autores de minha preferência; O primeiro, Edward Munch, pintor australiano, bastante atuante nos penúltimo e último século, autor de uma das obras mais conhecidas no mundo, chamada "o grito", quadro que gostaria que estivesse em minha sala de leitura no futuro; O segundo, Maximiano Campos, escritor pernambucano, que aprendi a admirar na minha adolescência por seus contos, que eram retratos do que também entendia ser o mundo, quase sempre mostrando o ideal existencialista e, principalmente, mostrando o poder do sonho, "esta fera liberta", o que gosto de ter, sempre que me é possível.
Meus caros, não tenho muito o que falar por hora, mas...
Hoje acordei-me com mais de 30 anos, com um rebanho de sonhos para a vida e ouvindo sempre vozes de que, sonhar é coisa de quem é "burro", pois um advogado ou professor que o faz, assim o é! Em que pese todo o bem querer que tenho a pessoa que me proferiu estas palavras, discordo de seu pensamento. A vida é muito dura, cheia de sofrimentos e ausente de freqüentes alegrias, pois somos obrigados a agir como no fragmento a que fiz referência.
E viver assim "não é brinquedo não!"...
Bem-aventurados os que sonham, pois, por alguns momentos, podem fazer unir pessoas distantes, mudar realidades e ter alguma felicidade no meio do turbilhão de infortúnios que a vida vive colocando em nossos caminhos...
Só assim posso me ver dormir com a cabeça no colo das minhas avó e bisavó, que me faziam dormir, de rever situações do passado que me deram uma alegria inesquecível, de me ver naquelas férias maravilhosas que vivo a planejar, de estar dançando ao som do velho Charles Aznavour, de estar conversando com Fernando Pessoa, Albert Camus e o próprio Maximiano numa mesa de bar... É, também, uma forma de "matar" as saudades, fazendo "próximos os distantes" de nós, sejam vivos ou mortos...
De fazer com que a ausência seja uma palavra esquecida... Por isso, sonhar não pode ser entendido como perda de tempo...
Por isso, meus amigos, aproveitem este dia insoso que é o domingo e sonhem-se na "dança da vida", usufruindo o que ela tem de melhor!
Mas não esqueçam de viver! A vida continua...
bom domingo e boa semana!