sábado, 11 de setembro de 2010

Das Kapital e a experiência sobre o modelo comunista: breves considerações

Antiga bandeira da DDR ou RDA- República Democrática da Alemanha
Sempre me interessei pelo estudo de economia política, especialmente no que concerne àqueles exemplos que apresentam oposições claras em suas bases, como as disparidades havidas entre o gigante capitalismo e o quase desaparecido comunismo, devendo-se destacar a maior atenção ao estudo do caso das antigas RDA - República Democrática da Alemanha, área de influência da antiga União Soviética e da RFA - República Federal da Alemanha, esta orientada pelos princípios do capitalismo seguidos pela França, Inglaterra e Estados Unidos, experiência ocorrida em país com condições econômicas e culturas semelhantes, o que permite, em meu entendimento, proceder com análise mais segura de fatos e entendimento dos resultados de cada um deles.
À princípio, acredito que vocês estranhem o momento em que abordo o tema, o que tinha vontade de fazer tem tempo, mas surgiu a oportunidade neste dia 11, pois num dia deste em 1867, Karl Marx e Frederich Engels apresentaram ao mundo a maior das obras comunistas da história: Das Kapital ou O Capital, de leitura obrigatória a todos os que habitavam os países que seguiam a orientação socialista.
Concomitantemente a isto, ouço hoje pela rádio Havana de Cuba (http://www.radiohc.cu/) discurso de Fidel Castro, onde desmentia a afirmação que teria dito em entrevista recente, de que o comunismo não funcionava mais em seu país, elementos que provocaram a realização destas considerações que passo a fazer adiante.
Em algum momento de minha adolescência, pensei que o modelo comunista podia ser a solução para a desigualdade social no mundo, mas, com o tempo passei a depurar a idéia e firmei o entendimento de que, em que pese se apresentar como sistema que se aproxima mais do ideal de distribuição de riquezas, tenho que este só teria sucesso se o homem não tivesse conhecido o modus vivendis que se mostra no capitalismo, que nos faz viver numa eterna competição egoística para possuir mais bens e valores, e, por conseguinte ter uma vida mais confortável.
Indubitavelmente é o socialismo útopico, senão ainda falariamos em URSS e RDA, que estariam ainda vivas entre nós; os que se mantiveram neste caminho, seja por interesses pessoais para perpetuar-se no poder e usufruir de suas benesses e possibilidades ou, como em países mais pobres e sem produtos relevantes para aqueles mais ricos, convivem com situações de pobreza absoluta na maioria de seus estados, departamentos ou províncias.
Voltemos ao caso das duas Alemanhas que, divididas, recomeçaram suas vidas em igual situação, pois se encontravam dilaceradas com as ações militares da segunda guerra, contudo seguindo diretrizes econômicas totalmente opostas.
De um lado, estava a Alemanha Ocidental (RFA), que se desenvolveu à passos largos e adquiriu significativo crescimento econômico sustentado, mesmo num regime predatório e selvagem como é o capitalista.
À sua vez, a Alemanha Oriental, com todo apoio, inclusive econômico, perdeu-se no tempo mais rapidamente, por ter tomado medidas equivocadas como a construção do famigerado Muro de Berlim, o que entendo ter incutido na população maior antipatia pelo regime posto.
O que é fato é que, diferentemente do que Erich Honecker, um dos mais duradouros presidentes daquele país pensava, o muro não resistiu pelos 100 anos de sua profecia, caindo junto com a matriz soviética.
Ainda lembro, como se fosse agora, quando o muro começou a cair...
Passados quase 2o anos do fato, a fração pertencente a antiga RDA ainda se recente deste atraso cruel decorrente das lentas e equivocadas medidas do governo, fazendo-me acreditar que nem mesmo os pioneiros seguidores do Kapital sabiam como iriam implementar e fazer seguir o que rezava a obra, bem como não fiscalizaram e puniram severamente aqueles verdadeiros inimigos do estado: os integrantes do poder que se aproveitaram das vantagens que este pode oferecer, o que seguramente colaborou com a descrença da população de ter a eqüidade como regra maior vigente entre todos, independendo da posição social que ocupavam, afinal, no regime socialista, tudo pertence ao povo, estes iguais em todas as circunstâncias.
Dizer que os ideais socialistas sucumbiram ao fracasso dos regimes é uma afirmação um tanto quanto equivocada, pois, encontramos nas economias capitalistas, como a nossa, instrumentos que buscam reduzir as desigualdades sociais, a partir do método de redistribuição de renda (p.ex. bolsa-família) e de programas sociais outros, como o Fundo de Habitação de Interesse Social, que se baseia na relocação de famílias que não possuem casa ou que moram em casas de taipa para casas de alvenaria.
Destaque-se que tais medidas pertencem aos dois últimos governos, pois um criou e o outro ampliou e o manteve, para que não se tenha na assertiva qualquer cunho eleitoral.
Ser socialista, hoje, não é seguir a risca os ditames do livro vermelho, mas fazer com que o dinheiro do capitalismo também possa chegar àqueles que não estão inseridos e que restam prejudicados pelos passos agigantados do sistema.
Fazer socialismo, é fazer justiça social, mesmo que não estejamos num regime caracteristicamente comunista.