domingo, 16 de agosto de 2009

Ensaios do Exílio Interior: O amor e o trabalho

O "reflexo proibido", de René Magritte
Bom dia!
Hoje, apesar de ser domingo, tudo está em paz. Como sempre, meus amigos leitores, continuo cheio de trabalho a fazer, mas, sem paciência para dar uma última forma neles e com aquela vontade de ir a praia, mas como tudo isso é prioridade, não há o que fazer.
Mas não estou triste, porque aconteceram algumas coisas que me deixaram bastante satisfeito, como passear e almoçar no shopping despreocupadamente; ter encontrado um livro de poesias do Maiakóvski que me agrada muito. Neste livro, encontrei esse poema:
"COMUMENTE É ASSIM
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha".
Quem sabe Maiakóvski tinha razão... Mas, o que é fato, é que um relacionamento nesses termos é extremamente complicado, principalmente nos dias atuais, onde as coisas correm com uma celeridade prejudicialmente estúpida, com a ânsia do ter sempre mais está sempre puxando o cordão da vida, o que, para mim, em razão da evolução social, é normal, mas significativamente prejudicial.
Não mais vivemos o que queremos, mas o que somos obrigados a viver... Sem muita escolha, pois é do que nos obrigam que sobrevivemos. Talvez, a presente assertiva seja um tanto dura, mas é a realidade dos fatos.
Quando falo que somos obrigados, quero dizer que somos a ir buscar nossa sobrevivência através do trabalho, que cada vez mais tira de nós a oportunidade de viver, de amar, pois o direcionamento dele nos faz ressecar o solo do coração.
Quantos e quantos dias deixei de dar atençao a quem gostava porque tinha trabalho a fazer... Dentre outros problemas decorrentes de sermos reféns do trabalho.
E não é apenas o solo do nosso coração que resseca, mas de quem está conosco também...
E aí o amor desfolha, se acaba, mas continuamos na roda viva... Pois, mesmo sozinhos, lembremos do amor próprio, que está acima de qualquer outro.
Não quero ser inimigo do trabalho, como não o sou, mas é preciso que façamos com que nosso tempo atenda tanto a ele, como a nós e a quem gostamos, para que possamos entrar num círculo virtuoso, com resultado diferente do dito pelo poeta, e para que possamos nos olhar no espelho com aquele sincero sorriso de felicidade.
Um grande abraço a todos, e um ótimo domingo!