sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dia Cultural

Bom Dia!
Hoje é dia de lembrança! Sempre as sextas, ne época em que era estudante secundarista, aconteciam as aulas de filosofia com o Professor Mário Caridade, que, durante três anos, nos falou sobre as correntes filosóficas e outros assuntos. Mas, apesar de falar também de outros filósofos, um, em especial, me despertou para sua leitura: Albert Camus.
Camus, argelino de nascimento, foi um dos maiores ícones do existencialismo e autor de reconhecidas obras como "o estrangeiro", "a peste", "a queda", "diário de viagem" (que estou lendo atualmente), bem como fora editor do jornal "l`combat", que circulou em Paris durante o governo nazista de Vichy, propagando as idéias de resistência ao nefasto grupo.
Seus personagens partem em busca de um mundo novo, formado por valores novos, criados pela absurda experiência humana. Talvez um dos pontos mais interessantes da personalidade de Camus tenha sido essa dependência entre a obra e a vida do escritor. A sua vida intelectual nasce de suas primeiras experiências, sentindo-se em algumas de suas obras, principalmente nas primeiras, a necessidade de escrever aquilo que realmente estava sendo vivido e pensado. Todas as categorias intelectuais progressivamente definidas por Camus, sendo as duas mais importantes o absurdo e a revolta, foram elaboradas em conseqüência das experiências que ia acumulando. Dele não se pode dizer que foi um escritor com um universo independente e próprio. Tendo uma alta capacidade criadora ele escreveu uma obra imersa no real e no concreto.
Pois é, nada como um dia bem vivido não é Mário?
A seguir, alguns fragmentos de suas obras:
  • "Não temos tempo para sermos nós mesmos; temos apenas tempo para sermos felizes".
  • "Estou farto das pessoas que morrem por uma idéia... O que me interessa é que se viva ou que se morra pelo que se ama".
  • "Não há grandes dores em grandes arrependimentos, nem grandes recordações.Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas e ela surge de vez em quando. É por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para o despero sem razão que se apoderam de nós".
  • "Penso agora em flores, sorrisos, desejo de mulher, e compreendo que todo o meu horror de morrer está contido em meu ciúme de vida. Sinto ciúme daqueles que virão e para os quais as flores e o desejo de mulher terão todo o seu sentido de carne e de sangue. Sou invejoso porque amo demais a vida para não ser egoísta... Quero suportar minha lucidez até o fim e contemplar minha morte com toda a exuberância de meu ciúme e de meu horror".
  • "Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldade passar cem anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se entediar. De certo modo, isto era uma vantagem."
  • "O grande desejo de um coração inquieto é possuir interminavelmente o ser que ama e poder mergulhar esse ser, quando chega o tempo da ausência, num sono sem sonhos que só possa acabar no dia do reencontro."
  • “Caminhamos ao encontro do amor e do desejo.Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens,tudo o mais nos parece fútil.”
  • "Como se esta grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziado de esperança, diante desta noite carregada de sinais e de estrelas, eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo."
  • "e no meio do inverno descobri que dentro de mim havia um verão invencível."
  • "Mesmo no banco dos réus, é sempre interessante ouvir falar de si mesmo."
  • "Você sabe o que é o encanto? É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada."
  • "Jovem eu pedia às pessoas mais do que elas me podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente. Hoje sei pedir-lhes menos do que podem dar: uma companhia sem palavras. E as suas emoções, a sua amizade, os seus gestos nobres mantêm a meus olhos o seu autêntico valor de milagre: um absoluto resultado da graça."